domingo, 31 de agosto de 2014

Sobre escrever mais sobre morrer do que amar...

Sozinha, embalada no escuro
se cansou de remoer as lembranças que a ferem,
cansou de disfarçar suas feridas. 
Cansou de todos, cansou da vida.
Olha pela janela fria o vazio tácito que a cerca,
as lágrimas rolam, rolam, encontram conforto em seu decote e depois secam.
Secam como se nada tivesse acontecido, são sugadas pela pele fria
que absorve como indivíduo bem-vindo as dores que tentaram fugir.
Ela senta, ela observa, ela pensa, ela sente uma dor que é só dela.
Não compartilha, não quer.
Sofre quem nem disseram que era de gente,
sofre como ser humano, sofre como mulher.
Ela é o problema.
Se corta todas as noites na esperança que não acorde,
dorme de janelas abertas na esperança que a matem,
anda por becos escuros na madrugada,
fuma ao respirar e respira pra morrer.
Cada suspiro a aproxima da morte e ela só pensa "menos um".
Sua boca suicidou-se nos nós da garganta,
seu corpo declinou a vida,
ela se entrega ao calor de sua cama; quente e esguia.
Se for vida que a consome,
a morte é a saída.
Dor - sádica! - que arde em seus pulmões,
viciada na droga da existência,
se vê em recaída.
Existe, não vive.
Esse túnel não tem saída.

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